Nas últimas semanas, um fenômeno bem peculiar - e bastante triste também - tem chamado a atenção dos brasileiros: a ocorrência de chuva preta em vários estados, especialmente do Sul e Sudeste do país. Aliás, tal tipo de chuva leva esse nome porque carrega consigo as gotículas de água mais a fuligem das queimadas. A precipitação, com aparência escura, é o resultado da poluição gerada por todo esse cenário de desastre em que vivemos, uma combinação de mudanças climáticas com terrorismo ambiental.
Como era de se esperar, as pessoas estão preocupadas com os efeitos dessa chuva preta sobre o meio ambiente, a saúde humana e até projetos de engenharia. Será que ela pode impactar, por exemplo, trabalhos de infraestrutura? É isso que discutimos neste artigo do Engenharia 360. Confira!
Como se forma a chuva preta?
Chuva preta (variando de cor entre marrom e preto) é caracterizada pela presença de partículas escuras ou poluentes na água da chuva, resultantes de queimadas florestais e outras fontes de combustão de materiais orgânicos, como petróleo, carvão e resíduos agrícolas. Enfim, resumindo, a fuligem é carregada para a atmosfera, se mistura com as nuvens e suas partículas caem em forma de chuva.
Vale destacar que, diferente da chuva ácida, formada pela mistura de gases como dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2) com a água, a chuva preta não altera significativamente a acidez da água. No entanto, o material carregado é, sim, prejudicial ao meio ambiente e à saúde pública.
Quais são as principais causas da chuva preta?
Como explicamos antes, muitas podem ser as causas da chuva preta. Para começar, como bem sabemos, a queima de combustível nos veículos contribui significativamente para a poluição do ar. Não podemos nos esquecer das fábricas, que costumam emitir grandes quantidades de poluentes atmosféricos, portanto outra fonte desse fenômeno. E tem ainda a questão da queima de biomassa.
A maior fonte da chuva preta registrada no Brasil nas últimas semanas (em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) é, lamentavelmente, as queimadas na Amazônia, no Cerrado e em outros biomas no país.
Quais os maiores impactos da chuva preta?
No meio ambiente
Ao cair no solo, a chuva preta pode alterar a composição química dos terrenos (pH), dificultando para as plantas a absorção de nutrientes - isso tende a afetar, claro, a produção agrícola e a saúde das florestas. Os corpos d'água e fontes de água potável também acabam contaminados. E ainda podemos ver uma camada de poeira sobre veículos, edifícios e estruturas urbanas, acelerando o processo de degradação de materiais e gerando custos adicionais com manutenção.
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Curiosamente, a chuva preta ainda é vista neste momento como algo benéfico, pois ela pode trazer um alívio às regiões afetadas pela seca prolongada, com São Paulo e Mato Grosso do Sul, ajudando a aumentar os níveis de umidade no solo.
Na saúde pública
Os efeitos ambientais da chuva preta vão além e podem ter consequências diretas na saúde humana e animal. A inalação das partículas de poluentes (e até cancerígenas) pode agravar problemas respiratórios, dermatológicos e muitos outros a longo prazo. E nem precisa dizer que não se pode usar essa água para atividades domésticas, como cozinhar ou beber.
Na Engenharia
A engenharia é uma área profissional que pode ser diretamente afetada pela chuva preta. É preciso considerar os impactos desse fenômeno em desenvolvimento de projetos e execução de serviços!
A chuva preta pode acelerar o processo de corrosão em estruturas metálicas e concretas, e provocar outros danos em obras de edifícios, pontes e mais - sobretudo se não foram feitos para resistir a esse tipo de precipitação. Além disso, os resíduos presentes na água podem comprometer o funcionamento de sistemas de escoamento, como bueiros e canais de drenagem, aumentando o risco de inundações e entupimentos.
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Por tudo isso, é fundamental que a engenharia desenvolva novas técnicas de proteção e manutenção de infraestruturas afetadas pela chuva preta. Também medidas eficazes de mitigar os efeitos desse fenômeno. De tratar as águas residuais para que os poluentes não sejam simplesmente liberados no meio ambiente. Além de monitorar e controlar a poluição atmosférica. E, por fim, agir para um melhor desenvolvimento sustentável do nosso planeta!
Como combater os efeitos da chuva preta?
Como podemos entender, a Engenharia tem um papel fundamental na busca por soluções para mitigar os efeitos da chuva preta. São estratégias que podem ser adotadas:
- Desenvolvimento de tecnologias de filtragem de água e purificação de ar para redução dos impactos da fuligem.
- Utilização de materiais mais resistentes à corrosão.
- Implementação de soluções de limpeza e manutenção periódica em edifícios e outras infraestruturas.
- Adoção de energias limpas nos sistemas para diminuir a dependência de combustíveis fósseis.
- Aprimoramento dos projetos de veículos e aeronaves elétricas, para redução de poluentes.
- Elaboração de novos sistemas de prevenção e combate a incêndios.
- E elaboração de planos mais eficazes de proteção da natureza e reflorestamento de áreas degradadas.
Mesmo com o trabalho árduo dos engenheiros, nenhum esforço terá sucesso se a sociedade persistir em ignorar a urgência climática, continuando a poluir, desmatar e incendiar as vegetações de forma ilegal e indiscriminada. Lembre-se de que nossas ações têm impactos para todos. Os erros de hoje reverberam em nossas vidas amanhã. Pense nisso!
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Fontes: O Globo.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Eduardo Mikail
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