Uma enorme parcela da sociedade brasileira vive em extrema pobreza, o que traz riscos à saúde, afetando a dignidade em diversas formas inimagináveis. Tal aspecto está ligado diretamente às condições de moradia, interferindo na relação com a comunidade, saúde, habitação, educação, sendo também um fator que interfere em políticas públicas e políticas governamentais. Contudo, a Sociedade Civil tem se destacado na busca pela igualdade e acesso a moradia digna, onde diversas organizações não governamentais trabalham a fim de amortizar tais efeitos.
Moradia e os ODS
A falta de atendimento ao direito à moradia e habitação pode ser considerada um dos problemas sociais e urbanos da atualidade e está diretamente ligada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especificamente o objetivo número 11 (Onze) que visa “Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”. Problemas de infra-estrutura (saneamento, asfaltamento, etc.) e até mesmo para construção de moradias para indivíduos e família que vivem sem casa própria e, claro, questionamentos sobre as obras de urbanização em áreas periféricas e favelas (MOTTA, 2017) .
Os problemas de moradia e habitação, além de já serem parte do debate atual, principalmente no segundo e terceiro setores, estão diretamente ligados às políticas passadas que não consideravam e/ou não consideram as populações carentes/pobres. Com isso, a necessidade de políticas e projetos tanto do estado quanto do terceiro setor para amenizar ou amortizar essa questão sociopolítica.
Os desafios impostos pela Pandemia
No ano de 2020, frente à pandemia, os desafios e consequências de habitar casas com infraestrutura precária se tornam ainda maiores. Habitações inadequadas e insalubres são realidade para a comunidade há décadas, desde a revolução industrial, formando as favelas nas proximidades com os grandes centros urbanos, a fim de facilitar o acesso às indústrias bem como ao emprego e busca pela dignidade e bem estar social.
Por iniciativa da Habitat Brasil e Programa Vivenda, foi criada uma “Rede de Habitação de Interesse Social - HIS”. O objetivo é a construção de uma agenda propositiva para lidar com os impactos negativos da COVID-19 nas famílias moradoras das periferias do Brasil, bem como nas organizações de terceiro setor e negócios de impacto que compõe o ecossistema HIS. Ele é dividido em dois Grupos técnicos: Subsídio e Crédito.
O foco da rede é o compartilhamento de ideias, aprendizados e claro, troca de experiências. Os primeiros participantes da rede foram: Abra - PE, Adote uma Casa - ES, Arquitetas Nômades - MG, ArqTeto- RS, Arquitetos da Vila - MG, ArqTodos - MG, Arquitetura Faz Bem - PE, Construíde - SP, Construnir - PE, Digna Engenharia - MS, DonaObra - PE, Ecolar - SP, Eficiobra - RS, Engenheiros Sem Fronteiras - BR, Favelar - RJ, HabitatBrasil - BR, Memorar - BA, RemodeLar - CE, Reparação - SP, Teto - BR, Vivenda - SP.
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A rede, além de crucial para elaboração de propostas para melhoria habitacional é também uma forma de amenizar as dificuldades vividas pelos Negócios Sociais, fomentando o acesso a subsídio e crédito para periferias.
A COVID-19 segue sendo um enorme desafio tanto para organizações quanto a sociedade. A busca pelo desenvolvimento em meio a todo o caos. A luta pela cidade e moradia digna ainda deve ser discutida e colocada em pauta pelo estado e sociedade civil. Iniciativas como HIS, devem ser destacadas e ser modelo para os mais diversos Objetivos do Desenvolvimento Social. A engenharia e sociedade civil, como pilares dessa retomada, unindo profissionais da construção civil, estudantes e toda sociedade para enfrentar esses desafios e lá na frente ter orgulho do que foi construído neste período sombrio.
Voluntariado - Engenheiros Sem Fronteiras
Nós, do Engenheiros sem Fronteiras Brasil, somos parte da Rede Nacional de Habitação de Interesse Social e atualmente contamos com mais de 2000 voluntários ativos pelo Brasil! A Teto e a Habitat para Humanidade Brasil também são ONGs que trabalham com infraestrutura e obras/reformas em comunidades vulneráveis!
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Referências: ARTEMISIA; Nações Unidas; Motta (2017).
Sobre o autor:
Engenheiro Civil, membro do Conselho das Juventudes pelo IYD Brasil e Vice-Presidente de Acompanhamento do Engenheiros Sem Fronteiras Brasil. Atua com Engenharia Popular, Empreendedorismo, Inovação e Gestão de Projetos desde 2017.
Adalberto Teodoro dos Santos -
Vice-Presidente de Acompanhamento no Engenheiros sem Fronteiras Brasil
E, você, engenheiro(a), arquiteto (a), já pensou em trabalhar construindo para quem mais precisa?
Comentários
Engenheiros Sem Fronteiras Brasil
Ser Engenheiros Sem Fronteiras é acreditar na importância da engenharia para o desenvolvimento social e ser protagonista desta transformação. O ESF-Brasil faz parte da rede Engineers Without Borders – International (EWB-I), presente em 65 países ao redor do mundo. Desde 2010 no Brasil já transformamos mais de 84 mil vidas. Acreditamos na importância do envolvimento comunitário, do diálogo e da cooperação. Os projetos são desenvolvidos e executados por voluntários locais organizados em núcleos, que se envolvem pessoalmente com os membros da comunidade, escutam suas necessidades e estabelecem parcerias e amizades. Nós da Diretoria Nacional replicamos essa tecnologia social, capacitando e orientando os líderes destes núcleos para desta forma gerarmos o impacto nos locais que atuamos.