A carreira na Engenharia, mesmo com as mudanças nos últimos anos, ainda é predominantemente masculina. E o que se dizer então da carreira no Exército? Nadando contra a maré, a engenheira Carolina Reis, formada em Engenharia de Fortificação e Construção pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) em 2012, é também tenente com atuação na Diretoria de Obras de Cooperação do Exército. Ela é a primeira mulher a ocupar um posto neste departamento.
A atuação de Carolina é no controle de obras dos Batalhões de Engenharia da Construção (BEC), que atuam conveniados a órgãos federais, estaduais e municipais na construção, por exemplo, de ferrovias, rodovias, pontes e barragens.
A trajetória e os desafios
Quando criança, Carolina tinha influência de seu pai, que era engenheiro militar, não apenas devido à profissão, mas também pelo gosto que aprendeu a ter com a Matemática. Do Colégio Militar do Rio de Janeiro ao Instituto Militar de Engenharia (IME), onde ingressou em 2008, Carolina define como foi o curso: “lá, você precisava se superar e descobrir que é muito mais capaz do que imaginava. Não ando por aí escalando paredes, mas sei que posso”, diz. “Foi muito mais que apenas uma excelente formação em engenharia.”
Quatro anos depois, Carolina se formou em Engenharia de Fortificação e Construção – reconhecida como uma das especialidades mais antigas da Engenharia Militar, similar ao curso de Engenharia Civil. Após a graduação, Carolina se mudou para Santa Catarina, onde atuou em seu primeiro Batalhão. Seu trabalho era o voltado à construção da rodovia Caminhos da Neve, por onde seria escoada a produção de maçã de uma maneira mais eficiente.
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Transferências e desafios posteriores levaram Carolina ao atual posto, como tenente na Diretoria de Obras de Cooperação do Exército. O caminho árduo no Exército é ainda mais difícil para as mulheres que querem seguir a carreira na área militar.
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A engenharia e as atividades na área militar
O trabalho nos já citados Batalhões de Engenharia da Construção (BEC) é fundamental para a formação de profissionais da Construção Civil, como engenheiros e pedreiros. Os engenheiros que se formam no IME têm a possibilidade de atuar nos batalhões, que são também oportunidade para profissionais civis, formados em cursos de Engenharia e Arquitetura.
Entre as atividades executadas pelos BECs, que no total são 11 no Brasil, além das parcerias com o governo em diferentes esferas, há também convênios com empresas privadas, como as obras ferroviárias em conjunto com a empresa ALL (América Latina Logística).
Boa parte dos batalhões ficam localizados na região Norte do país, onde inclusive Carolina já atuou. “É importante saber dessa realidade do Brasil”, defende a engenheira sobre a região onde é forte a presença do Exército.
Com a atuação em conjunto, a partir da parceria com os batalhões, os custos das obras chegam a cair de 30% a 40%.
A Engenharia
Carolina chegou a participar de uma empresa júnior durante os anos de graduação. Segundo ela, a experiência foi fundamental para o desenvolvimento de diferentes projetos e trabalho em equipe, ensinando sobre como a Engenharia é coletiva.
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A diferença definida por Carolina entre a engenharia civil e a militar diz respeito ao constante treinamento que esta última exige. “Por que quem é combatente faz simulações de guerra e quem é engenheiro precisa estar sempre adestrado?”, questionou. “Porque se algum dia enfrentarmos uma guerra e uma ponte for destruída, por exemplo, precisamos ser capazes de reconstruí-la. As obras são importantes para nos mantermos atualizados.”
A carreira militar para as mulheres
Desde 2016, com a Lei nº 12.705, sancionada em 2012 por Dilma Rousseff, as mulheres podem atuar como combatentes do Exército Brasileiro, em áreas que antes eram restritas aos homens. Antes disso, as mulheres podiam ingressar como voluntárias, como militares de carreira ou temporárias, mas não no Quadro de Material Bélico ou no Serviço de Intendência.
Pensando no prazo necessário para se tornarem comandantes, contando com a nova legislação, a primeira delas receberá o título por volta de 2060. E quanto aos desafios às mulheres, Carolina define bem o que aprendeu ao longo dos anos: “Sempre ouvi que, intelectualmente, homens e mulheres são iguais. Ponto. Parágrafo. E no serviço público você tem a vantagem de prestar concurso. Após chegar no posto, ninguém pode te tirar.”.
Fontes: Na Prática, Cimento Itambé, G1
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Luciana Reis
Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com experiência como jornalista freelancer na produção de conteúdo para revistas e blogs.