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Detroit é considerada uma das maiores cidades dos Estados Unidos. O fato de ser uma metrópole leva também à um problema recorrente em grandes centros urbanos: a mobilidade urbana.
Uma peculiaridade é que a cidade é chamada de Motor City, por concentrar a sede e instalações importantes de várias indústrias automobilísticas, tais como: Ford, Fiat, Nissan, General Motors e outras.
A cidade de Detroit foi listada em 2018 pelo Inrix, um grupo de pesquisa de transporte, dentro dos 7% superior num ranking de congestionamento de trânsito em pesquisa com quase 300 cidades estadunidenses. Isso significa um tempo médio de 35 horas por ano em um engarrafamento por motorista. Este cenário, comparando-se com cidades mais lotadas como Nova York, Chicago e Boston, é devido a uma falta de transporte público eficiente e confiável.
No entanto, Detroit atualmente é referência mundial em mobilidade urbana. Mas como isso foi possível para uma cidade com um diagnóstico tão ruim estabelecido recentemente. Vamos entender essa trajetória.
No século XX houve um abandono em massa do sistema de transporte público. O abandono ocorreu pela presença gigantesca das montadoras pioneiras (GM, Ford e Fiat) em Detroit, que fez chover automóveis na época.
Dessa forma, Detroit ficou conhecida como Motor City, devido a grande presença da indústria automobilística.
No entanto, nos anos 60 houve um abandono do centro urbano na cidade. As indústria automobilística se concentrou na área metropolitana, mas não na cidade. Outro fator dominante foi um evento ligado à questão racial, o white fly, que foi a saída em massa dos brancos para os subúrbios.
Esta situação foi agravada por uma crise financeira, que levou a cidade a ter diversas estações de transporte público e outros edifícios abandonados.
Contudo, houveram iniciativas para a recuperação desses patrimônios e a população buscou se adaptar ao novo momento.
A transformação da realidade da cidade de Detroit veio com o tempo e contou com diversas iniciativas. Na crise econômica de 2008, a cidade sentiu muito e foi como chegar ao fundo do poço. Desde então, o momento de transformação veio à tona.
As montadoras passaram a pensar e querer mudar a forma de locomoção, de modo que se convertam em empresas que fornecem serviços de mobilidade e modalidades de transporte futurista, além de fabricar veículos.
Então houve sinais de compromisso dessas empresas, como a Ford, por exemplo, ao adquirir a Estação Central de Michigan, abandonada há anos, transformando o local até 2022 para desenvolvimento de tecnologia autônoma, veículos elétricos e conectividade entre automóveis.
Outras iniciativas de recuperação da cidade veio de investidores amantes da cidade, como é o caso de Dan Gilbert. Dono de um banco de crédito imobiliário, bilionário, detroiter e dono do Cleveland Cavaliers, equipe de basquete da NBA, Gilbert adquiriu mais de 90 propriedades em Detroit, que totalizam 15 milhões de metros quadrados à serem revitalizados. A promessa é de gerar 24 mil postos de trabalho (15 mil durante as obras e 9 mil durante o uso).
O movimento abraçado pela cidade de revitalização da cidade passou não só pelas edificações, mas também pelas ruas e, especialmente, pela mobilidade urbana.
A revolução da mobilidade urbana de Detroit passou principalmente pelos meios de transportes que foram disponibilizados por toda a cidade, que visou interligar os subúrbios, as periferias e o centro.
Os meios de transportes disponíveis hoje são variados como: os ônibus, o monotrilho e o People Mover (sistema automatizado de trilho elevado). Isto sem falar nas ciclovias que tomaram conta da cidade.
Nos últimos anos foram construídos 272 km de ciclovias, além de bicicletários em pontos estratégicos da cidade como terminais de ônibus, possibilitando a conectividade entre o modal cicloviário com os demais. O resultado disso foi que, entre 2000 e 2014 o uso de bikes em Detroit cresceu 403,2%.
A prática do ciclismo se tornou tão forte que, desde 2010, semanalmente, durante a noite de segunda-feira, diversos ciclistas se reúnem para dar uma pedalada conjunta pela cidade. O evento foi tão aderido pela população, que já chegou a reunir 4.000 ciclistas num único dia.
Houve também a chegada dos aplicativos de celular que foi bem aceito pelos moradores e turistas. É o caso do aluguel de scooters elétricas e o May Mobility (micro-ônibus autônomo).
Para que fosse possível a cidade construir um sistema de mobilidade urbana inteligente, foi preciso que ocorresse um trabalho conjunto de toda a sociedade. Desde o setor privado ao setor público, até os cidadãos que são usuários dos meios de locomoção.
As pessoas se deslocam por diferente regiões diariamente e é preciso proporcionar esse translado sem dificuldades. Isto só é possível com infraestrutura e mobilidade urbana planejada, de forma que o fluxo de trânsito se dê de maneira harmoniosa.
É importante existir este planejamento para que as cidades cresçam de maneira sustentável, no curto e no longo prazo, principalmente.
Detroit ainda tem os automóveis como o rei e senhor da região, todavia, as pessoas foram determinadas para que Motor City fosse melhor em sua mobilidade urbana e houve a gestão disso, de forma inclusiva com o desenvolvimento da cidade. Por isso é um caso de sucesso.
Fontes: UOL, Estadão, MoBiker, SãoPauloSâo.