Os revestimentos da fachada da sua casa ou edifícios estão se soltando? Vamos falar sobre isso? Na engenharia, tal acontecimento é chamado de desplacamento e é um dos problemas mais comuns e preocupantes da construção civil; compromete demais a estética das obras, gera despesas e também coloca em risco a segurança dos moradores e transeuntes. É um pesadelo! E a pior parte é pensar que muitos desses casos poderiam ser evitados com projetos bem planejados, execução adequada e uso correto dos materiais.
Neste artigo, do Engenharia 360, vamos explorar as principais causas do desplacamento de fachadas, explicando como essas falhas ocorrem e como evitá-las. Acompanhe!
Entendendo o conceito de desplacamento de fachadas
Chamamos de desplacamento de fachadas, portanto, o desprendimento parcial ou total de placas de revestimento – sejam elas cerâmica, porcelanato, pedras, entre outros. É um problema quase sempre silencioso, mas extremamente prejudicial!
Essas placas se desprendem da superfície de uma construção, se soltam e caem, e podem gerar danos visuais, além de comprometer a funcionalidade da própria fachada e até colocar em risco a segurança de pedestres e moradores. É considerada, sim, uma patologia de engenharia. E a explicação mais simples é quando não há mais aderência suficiente entre o substrato (a base da parede), a argamassa colante e o próprio revestimento.
Motivos mais comuns para desplacamento de fachadas
1. Pulverulência do substrato
Ocorre quando a superfície da alvenaria ou concreto está fraca, arenosa ou se esfarelando. Isso impede que a argamassa colante tenha aderência suficiente, causando o descolamento dos revestimentos. Geralmente a causa é um erro de “receita” da argamassa, falta de cimento no traço (traço pobre) ou carbonatação insuficiente da cal.
Qual a solução? Realizar testes de “arrancamento” antes da aplicação e garantir que o substrato esteja dentro das condições exigidas pelas normas.
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A saber, a NBR 13749 diz que a camada de regularização de parede precisa estar coesa, limpa, livre de partículas soltas e perfeitamente aderida, garantindo o suporte adequado ao sistema de revestimento. Do contrário, já sabe…

2. Especificação incorreta da argamassa colante
Para cada tipo de revestimento de parede ou condição de ambiente, existe a indicação de uma argamassa colante adequada, cada uma com características específicas.
- AC I: indicada para locais internos, pequenos e com pouca movimentação, pois exige alta porosidade do revestimento e depende da ancoragem mecânica.
- AC II e AC III: possuem polímeros que aumentam a flexibilidade e a aderência química, sendo ideais para áreas externas, peças maiores ou locais com maior variação térmica.
É preciso escolher o tipo certo de argamassa colante e também seguir as orientações do fabricante quanto ao tempo de cura, proporções e condições de aplicação. Se isso for ignorado na obra, é provável que haja depois deslocamento precoce de revestimento, fissuras ou até mesmo infiltrações na fachada. Uma dica importante é sempre aplicar argamassa tanto no substrato quanto no verso da placa de revestimento (dupla cola) para colagem, garantindo maior adesão física e química.

3. Movimentação estrutural
Antes de tudo, precisamos esclarecer que toda a estrutura de engenharia sofre movimentações naturais ao longo de sua vida útil por conta de variações térmicas, vibrações, retração e expansão dos materiais, assentamento do solo e ventos fortes. Acontece que um bom projeto deve prever todas essas movimentações e, assim, estabelecer quais os materiais corretos – como impermeabilizantes e argamassas – a serem utilizados. Eles precisam ser flexíveis e resistentes o suficiente para aguentar todas as situações previstas.
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Se o projeto de engenharia não prever a movimentação estrutural, o revestimento de fachada pode acabar sofrendo tensões além da sua capacidade e logo serão identificadas fissuras e, posteriormente, o desplacamento. Para evitar, é necessário realizar um estudo prévio do tipo de estrutura (concreto armado, metal, etc.) e prever pontos estratégicos para as juntas de movimentação, ajudando a dissipar justamente essas tensões.

4. Má execução das juntas de movimentação
Voltamos a falar delas, das juntas de movimentação. Esses são, portanto, elementos essenciais para permitir a dilatação e retração dos materiais de revestimento de fachadas, evitando tensões que levam ao desplacamento. De acordo com as normas, juntas horizontais devem estar a cada pé direito ou no máximo a cada 3 m; já as juntas verticais devem estar posicionadas a cada 6 m. A execução correta inclui rasgo no reboco com desempenadeira específica, aplicação de material delimitador e selagem com mastique de poliuretano.

5. Escolha errada de impermeabilizante
A impermeabilização é uma etapa importante do acabamento de fachadas – especialmente aquelas expostas às intempéries. Quando mal feita ou omitida, permite que a água penetre nas juntas e chegue ao substrato, causando queda de aderência, inchaço do material e danos estruturais progressivos. Esteja sempre atento ao arremate das esquadrias, peitoris, tubulações e outros elementos de passagem que precisam estar bem definidos no projeto e perfeitamente executados na obra. É que muitos casos de desplacamento começam por essas falhas em pontos críticos.
Agora é claro que não basta impermeabilizar, é preciso escolher o produto correto para cada situação. Existem opções líquidas, mantas, pastas e sistemas combinados; cada um tem suas vantagens e limitações. Se a escolha do impermeabilizante não for adequada, pode ocorrer a perda da resistência aos raios UV; o surgimento de fissuras na camada de impermeabilização; e a ocorrência de manchas, fungos e, óbvio, o desplacamento. Verifique se o produto disponível na loja é compatível com um tipo de substrato utilizado na obra, se suporta movimentações e se tem durabilidade compatível com a vida útil do projeto da edificação.

Bônus | Dicas para recuperar fachadas com desplacamento
- Avaliar a extensão dos danos. Identificar as causas (umidade, infiltrações, má execução, etc.).
- Remover todo o revestimento solto ou comprometido.
- Tratar as causas da umidade ou infiltração antes da recuperação.
- Limpar bem a superfície (retirar pó, sujeira e resíduos).
- Aplicar ponte de aderência, se necessário.
- Utilizar argamassa adequada para a fachada (preferencialmente específica para áreas externas).
- Fazer o rejuntamento correto, com materiais resistentes à água.
- Aplicar impermeabilização, se possível, para evitar novos problemas.
- Realizar manutenção periódica na fachada.
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Fontes: Quartzolit, Olimpico Serviços, Alme, Prudente Comercial.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.
