Vivemos um dos momentos mais tristes da história brasileira. As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024 são um lembrete de que todos nós, independente de onde moramos e do poder aquisitivo que temos, estamos vulneráveis às mudanças climáticas. Precisamos trabalhar com muito mais empenho para construir um futuro mais resiliente e sustentável. E temos a chance de usar o momento de dor, análise e aprendizado como uma oportunidade para a ressignificação da Engenharia.
O fato é que, diante deste estrago sem precedentes, ficou ainda muito mais claro - praticamente escancarado - de que não podemos mais seguir conduzindo as coisas do jeito ao qual estamos acostumados. A reconstrução dessas casas e infraestrutura do estado que se perderam devem seguir agora uma cartilha diferente. Métodos e materiais tradicionais talvez não devam mais ser considerados. O cenário exige uma resposta não só rápida, mas criativa, baseada em muita ciência, tecnologia e inovação.
A adaptação urbana das cidades brasileiras
O que aconteceu em cidades como Porto Alegre, Canoas, Gramado, Muçum, entre outras, pede uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento urbano adotado nas cidades brasileiras e sua relação com a natureza. Não podemos nos limitar a acreditar que quando algo se perde, precisando ser reposto ou só reformado, a nova construção tenha que ser simples e barata, ignorando questões como estética, sustentabilidade, ecologia, eficiência, conforto e mais.
A Engenharia deve projetar e construir desde já considerando com mais seriedade a resiliência das cidades e comunidades, erguendo somente obras que sejam realmente capazes de se adaptar às mudanças climáticas, impactar menos ao meio ambiente e evitar novos desastres.
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Ressignificando a Engenharia
É provável que a Engenharia, Arquitetura e áreas afins precisem de uma abordagem mais holística. A pauta ambiental precisa ser prioridade. E isto não é papo furado de "ambientalistas chatos e pessimistas". Afinal, quem ignora a crise climática, ignora o óbvio. Estamos trilhando um caminho sem volta! Temos duas escolhas: cair no buraco ou se reerguer com consciência, inteligência, união e respeito. Então, o que será?
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Vale enfatizar o papel da Engenharia na reconstrução e ressignificação do Rio Grande do Sul. Profissionais de engenharia podem desenvolver soluções inovadoras para a infraestrutura, habitação, agricultura e outros setores da economia.
Os paralelos entre Estados Unidos e o Rio Grande do Sul
Achamos interessante trazer para este artigo do Engenharia 360 um exemplo de esperança. Em 2012, o estado de Nova York sofreu demais com a passagem do furacão Sandy. E como não lembrar do desastre provocado pelo furacão Katrina em Nova Orleans, em 2005? Em ambos os casos, houve muitas mortes, milhares de desalojados e danos materiais incalculáveis. Mas o que aconteceu depois?
Na época, os americanos entenderam que não adiantava apenas reerguer as estruturas, mas repensar toda a abordagem da engenharia em face das mudanças climáticas. Assim, foram adotadas boas práticas para a retomada das cidades, como infraestrutura resiliente e adaptação à elevação no nível das águas. Isso quer dizer que o Rio Grande do Sul precisará de uma resposta rápida e eficaz, mas também uma visão de longo prazo.
O caminho para a recuperação
Enfim, o Rio Grande do Sul tem a chance de se tornar um modelo de desenvolvimento para o Brasil. De novo, como será?
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São os desafios emergentes:
- No interior, a agricultura está vulnerável. Investimentos em seguro rural e medidas de adaptação são essenciais para proteger os agricultores e garantir a segurança alimentar.
- A educação foi interrompida - logo a educação, que desperta os mais jovens sobre os impactos das ações humanas sobre a natureza. É crucial adotar medidas alternativas para garantir o acesso à educação e minimizar o impacto nas futuras gerações.
- Há um aumento no risco de surto de doenças, fazendo necessárias medidas preventivas e estratégias de resposta rápida na área da saúde pública.
- E é preciso urgentemente reconstruir estradas, pontes e aeroporto e outras estruturas perdidas para a recuperação econômica e social. Planos de contingência são essenciais para garantir a conectividade e a mobilidade. Neste momento, planos de contingência são essenciais para garantir a conectividade e a mobilidade.
A experiência do furacão Sandy, por exemplo, destaca a importância de recursos adequados e estratégias de gastos flexíveis para enfrentar desafios complexos.
O Brasil deve absorver a ideia de que o papel do financiamento governamental e da colaboração entre setores público e privado é crucial em situações de desastre. Mas a reconstrução do Rio Grande do Sul não pode ser um esforço solitário do governo, claro. É importante envolver a comunidade e o setor privado nesse processo. Agora é tudo uma questão de organização, gestão e empatia.
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Fontes: CNN Brasil, O Globo.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.