O Cimento Portland é um dos materiais de construção mais utilizados no mundo, presente em diversas etapas da obra. A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) normatiza os tipos de cimentos para atender às diferentes necessidades construtivas.
O cimento é um dos materiais de construção mais utilizados na construção civil, por conta da sua larga utilização em diversas fases da construção. E tal material pertence à classe dos materiais classificados como aglomerantes hidráulicos, esse tipo de material em contato com a água entra em processo físico-químico, tornando-se um elemento sólido com grande resistência a compressão e resistente a água e a sulfatos.
Este guia completo do Engenharia 360 te ajudará a entender as características e aplicações de cada tipo, para que você possa escolher o cimento ideal para sua obra.
Tipos de Cimento Portland
Cimento Portland Comum CP I / CP I - S
O CP-I é o tipo mais básico de cimento Portland, indicado para o uso em construções que não requeiram condições especiais e não apresentem ambientes desfavoráveis como exposição às águas subterrâneas, esgotos, água do mar ou qualquer outro meio com presença de sulfatos.
A única adição presente no CP-I é o gesso (cerca de 3%, que também está presente nos demais tipos de cimento Portland). Inclusive, o gesso atua como um retardador de pega, evitando a reação imediata da hidratação do cimento.
O CP I-S tem a mesma composição do CP I (clínquer+gesso), porém com adição reduzida de material pozolânico (de 1 a 5% em massa). Este tipo de cimento tem menor permeabilidade devido à adição de pozolana. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5732.
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Cimento Portland composto com Escória (CP II-E)
Os cimentos CP II são ditos compostos, pois apresentam, além da sua composição básica (clínquer+gesso), a adição de outro material. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 11578.
O CP II-E, por exemplo, contém adição de escória granulada de alto-forno, o que lhe confere a propriedade de baixo calor de hidratação. Ele é composto de 94% a 56% de clínquer+gesso e 6% a 34% de escória, podendo ou não ter adição de material carbonático no limite máximo de 10% em massa. E, ademais, é recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento.
Cimento Portland composto com Pozolana (CP II-Z)
O CP II-Z contém adição de material pozolânico que varia de 6% à 14% em massa, o que confere ao cimento menor permeabilidade, ideal para obras subterrâneas, principalmente com presença de água, inclusive marítimas. Esse cimento também pode conter adição de material carbonático (fíler) no limite máximo de 10% em massa. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 11578.
Cimento portland composto com pozolana (CP II-F)
O cimento Portland composto com pozolana ou CP II-F é composto por 86% a 90% de clínquer e gesso, com adição de 6% a 14% de pozolana em massa. A pozolana é um material silicoso e aluminoso que, quando finamente moído e misturado com cal, apresenta propriedades cimentícias. A norma brasileira que trata do Cimento Portland composto com pozolana é a NBR 11578.
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Cimento Portland de Alto-Forno (CP III)
O cimento portland de alto-forno contém adição de escória no teor de 35% a 70% em massa. Isso lhe confere propriedades como baixo calor de hidratação, maior impermeabilidade e durabilidade, recomendado tanto para obras de grande porte e agressividade.
Entram nessa categoria barragens, fundações de máquinas, obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, obras submersas, pavimentação de estradas, pistas de aeroportos, etc., como também para aplicação geral em argamassas de assentamento e revestimento, estruturas de concreto simples, armado ou protendido, etc. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5735.
Cimento Portland Pozolânico (CP IV)
O cimento portland Pozolânico contém adição de pozolana no teor que varia de 15% a 50% em massa. Este alto teor de pozolana confere ao cimento uma alta impermeabilidade e consequentemente maior durabilidade.
Confeccionado com a nomenclatura CP IV, o portland Pozolânico apresenta resistência mecânica à compressão superior ao concreto de cimento Portland comum a longo prazo. É especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos. E a norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5736.
Cimento Portland de Alta Resistência inicial (CP V-ARI)
O CP V-ARI assim como o CP-I não contém adições (porém pode conter até 5% em massa de material carbonático). O que o diferencia deste último é o processo de dosagem e produção do clínquer.
Especialmente o CP V-ARI é produzido com um clínquer de dosagem diferenciada de calcário e argila se comparado aos demais tipos de cimento portland e com moagem mais fina. Esta diferença de produção confere a este tipo de cimento uma alta resistência inicial do concreto em suas primeiras idades, podendo atingir 26 MPa de resistência à compressão em apenas 1 dia de idade.
Enfim, esse material é recomendado para uso em obras onde seja necessário a desforma rápida de peças de concreto armado. A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5733.
Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS)
Qualquer um dos tipos de cimento Portland anteriormente citados podem ser classificados como resistentes a sulfatos, desde que:
- Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente;
- Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto-forno, em massa;
- Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa;
- Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos.
É recomendado para meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em alguns tipos de solos.
Ainda vale ressaltar a existência de dois outros cimentos, que não se encontram na lista da ABCP, mas já estão no mercado e podem ser utilizados, são eles:
- BC – Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (NBR 13116/94)
O Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado por siglas e classes de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland de Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado pela sua composição. Este tipo de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento.
- CPB – Cimento Portland Branco (NBR 12989/92)
O Cimento Portland Branco se diferencia por coloração, e está classificado em dois subtipos: estrutural e não estrutural. O estrutural é aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, com classes de resistência 25, 32 e 40, similares aos demais tipos de cimento portland. Já o não estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais.
Dicas para Escolher o Cimento Ideal
Lembre-se: a escolha do cimento é um investimento importante na qualidade da sua obra.
A saber, no Brasil, o responsável pela análise de qualidade dos cimentos vendidos é a ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland. Fundada em 1936, visando promover estudos sobre o cimento e suas aplicações. É uma entidade sem fins lucrativos, mantida voluntariamente pela indústria brasileira do cimento, que compõe seu quadro de associados.
São fatores a considerar durante a escolha de cimento:
- Tipo de obra: construção civil, industrial, etc.
- Resistência desejada: alta, média, baixa.
- Tempo de cura: rápido, normal, lento.
- Ambiente da obra: úmido, seco, agressivo.
- Condições climáticas: temperatura, umidade.
- Disponibilidade de materiais: preço, logística.
- Normas técnicas: ABNT, NBR.
Tabela Comparativa de Tipos de Cimento:
Tipo de Cimento | Composição | Propriedades | Aplicações |
---|---|---|---|
CP I e CP I-S | Clínquer + gesso | Resistência à compressão | Alvenaria, reboco, concreto em geral |
CP II-E | Clínquer + gesso + escória | Baixo calor de hidratação | Obras com grande massa de concreto |
CP II-Z | Clínquer + gesso + pozolana | Menor permeabilidade | Obras subterrâneas, ambientes úmidos |
CP II-F | Clínquer + gesso + pozolana | Alta resistência à compressão a longo prazo | Obras com alta resistência mecânica |
CP III | Clínquer + gesso + escória | Alta resistência e durabilidade | Obras de grande porte, ambientes agressivos |
CP IV | Clínquer + gesso + pozolana | Alta impermeabilidade e durabilidade | Obras expostas à água corrente, ambientes agressivos |
CP V-ARI | Clínquer + gesso | Alta resistência inicial | Desforma rápida de peças de concreto armado |
CP-RS | Clínquer + gesso + adições | Resistente a sulfatos | Ambientes com alto teor de sulfatos |
Escolher o tipo de cimento ideal para sua obra é fundamental para garantir a qualidade, segurança e durabilidade da construção. Este guia completo te ajudou a entender as características e aplicações dos diferentes tipos de cimento.
Com essas dicas fica quase impossível errar na hora de escolher o melhor cimento para sua obra. Lembrando que o que diferencia o profissional de Engenharia do "curioso". É a forma cientifica como exploramos e aplicamos as coisas.
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