Há muito tempo, os cientistas pesquisam alternativas para substituir o combustível fóssil utilizado nos veículos. Afinal, o mundo está passando por uma transição rumo a um futuro onde teremos energias mais limpas e renováveis - pelo menos é o nosso desejo. Tem o mercado de veículos elétricos, por exemplo, que está crescendo. Porém, até mesmo esse tipo de carro ainda depende de baterias e recargas constantes.
Mas e se fosse possível dirigir um carro movido a vento? Vento, que, aliás, é uma energia disponível na natureza, encontrada em praticamente todos os lugares, sem custo e sem necessidade de armazenamento! Pensando nisso, muitos projetos de veículos movidos a vento já foram realizados. Inclusive, estudantes de engenharia da Europa já promovem corridas para testar suas teorias.
Este assunto, 'carro movido a vento', recentemente foi motivo de discussão e até de uma aposta entre o YouTuber Derek Muller (comunicador científico e inventor australiano-canadense) e o professor Alexander Kusenko (professor de física e astronomia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles). Saiba mais a seguir!
A aposta 'Carro x Youtuber'
Derek, que tem um canal no YouTube chamado 'Veritasium', publicou no mês de maio de 2021 um vídeo mostrando como um carro chamado Blackbird - ou 'pássaro preto', em português -, inventado por Rick Cavallaro, poderia superar a velocidade do vento que move a hélice do veículo.
Segundo Dereck, o veículo conseguia atingir velocidades maiores que as do próprio vento que o movia. Porém, esta teoria foi contestada por Kusenko, que afirmou que isso seria impossível, pois contrariava as leis da física. Bem, já sabemos que toda teoria, para ser comprovada, precisa de um experimento; e foi daí que saiu a ideia de uma aposta entre os dois. Dez mil dólares (aproximadamente 50 mil reais) para quem conseguisse provar que estava certo!
O dia aguardado
Neil deGrasse Tyson (astrofísico, escritor e divulgador científico americano) e Bill Nye (engenheiro mecânico e cientista educacional) participaram do evento como testemunhas. Dados do GPS permitiram simulações que indicaram que o carro dirigido por Dereck atingiu uma velocidade máxima de 44,6 km/h. E ele só não alcançou uma velocidade maior porque o piloto ficou com medo de perder o controle do veículo.
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Foi constatado que, durante o experimento, o vento não ultrapassou a velocidade de 32 km/h e que, no momento em o carro atingiu a velocidade máxima, o vento estava soprando entre 16 a 21 km/h.
Conforme raciocínio de Kusenko, o veículo ganhou velocidade superior à do vento por causa da oscilação dos ventos. Ou seja, o vento inicialmente impulsionou o carro, que ganhou uma determinada velocidade e, em seguida, a velocidade do vento diminuiu. Sendo assim, num determinado momento, mesmo que o carro tenha perdido a velocidade adquirida pelo impulso inicial, poderia correr com uma velocidade maior do que a do vento.
A teoria de Dereck
Para provar sua teoria, Dereck fez outro teste e, para isso, contou com a ajuda da engenheira Xyla Foxlin. Ela construiu um pequeno protótipo que foi colocado sobre uma esteira de academia, ligada em uma determinada velocidade. Quando a esteira se movia, fazia as rodas do carrinho girarem. As rodas giravam as hélices, que, por sua vez, davam mais impulso ao carrinho.
Cálculos comprovaram que, quando a velocidade do carro alcança a do vento, a hélice propelente (responsável por estimular a propulsão do veículo após a ação inicial do vento) se torna capaz de fornecer uma força extra para seguir propulsionando o veículo a qualquer velocidade que o condutor do veículo queira.
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Reconhecendo a derrota, o professor Kusenko pagou a aposta. E nós ficamos na torcida de que logo possamos dirigir um carro movido a vento. Por enquanto eles ainda são carros experimentais!
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Fontes: MobiAuto, Theenemy, Revista Galileu, UOL, Catraca Livre, G1, UOL 2, Auto Mais TV.
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Eduardo Mikail
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