Nós já comentamos aqui sobre projetos de descarbonização e investimentos massivos de grandes empresas nesse segmento, buscando lidar com a questão da crise climática. O problema é que a captura de dióxido de carbono anda bastante limitada pensando principalmente no plantio de árvores. E daí veio o Projeto Vesta, com a tal areia verde. Olha só:
Trazendo carbono para moluscos e corais
Pesquisadores do Projeto Vesta, de São Francisco, um grupo sem fins lucrativos, estão estudando um método um tanto quanto inusitado de descarbonização: espalhar um mineral vulcânico verde conhecido como olivina, do tamanho de partículas de areia, em praias. As ondas quebram ainda mais o material, que é altamente reativo, acelerando uma série de reações químicas que “puxam” o dióxido de carbono - gás de efeito estufa - e prendem-no nas conchas e esqueletos de moluscos e corais.
Por que é tão promissor: esse processo, juntamente com outras formas conhecidas como intemperismo mineral aprimorado, pode armazenar centenas de trilhões de toneladas de dióxido de carbono, de acordo com um relatório da National Academies no ano passado. Isso é muito mais dióxido de carbono do que os humanos liberam desde o início da Revolução Industrial. Ao contrário dos métodos de remoção de carbono que dependem do solo, plantas e árvores, seria efetivamente permanente. E é barato.
Devagar com essa olivina
Entretanto, ainda permanecem grandes questões: como fazer a mineração, trituração, logística de envio e espalhamento de vastas quantidades de minerais necessárias sem produzir mais emissões do que o material remove? Outra coisa é: será que o público estaria bem com isso, dadas as alterações de paisagem que areia verde iria incutir às praias?
Vale ressaltar aqui que não há solução milagrosa para a crise climática, que cientistas vêm prevendo, modelando e buscando mitigar há um tempo. Além disso, propostas como o uso de olivina nas praias têm efeitos colaterais ambientais que não são de todo conhecidos, exigindo responsabilidade na hora de tomar decisões de execução.
Enquanto isso, a gente apoia cientistas e profissionais de engenharia que vêm trabalhando nessa área cheia de controvérsias e dificuldades, mas que pensa no bem-estar do planeta e no nosso. E não é só a gente: empresas como a Microsoft estão fazendo investimentos massivos em descarbonização em busca da meta de carbono negativo.
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Fontes: Project Vesta. MIT Tech Review.
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Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.