Recentemente, a China inaugurou mais um trajeto de trem que integra a sua nova Rota da Seda. Feito em trem de alta velocidade, o percurso conecta Yiwu, na província chinesa de Zhejiang, a Londres, estendendo-se por 12 mil quilômetros e demorando 18 dias para ser completado.
Para ir da China ao Reino Unido, o trem passa por sete países asiáticos e europeus, como Cazaquistão, Rússia, Bielorússia, Polônia, Alemanha, Bélgica e França, onde atravessa o Canal da Mancha para chegar à ilha britânica. O serviço faz parte da estratégia chinesa para restaurar a antiga Rota da Seda, que interligava o país e o continente europeu com a finalidade de transportar seda.
Atualmente, existem 39 rotas ferroviárias que ligam 16 cidades da China a 12 europeias. Para a construção de novas linhas férreas, estima-se que sejam investidos até US$ 115 milhões somente em 2017. O governo chinês espera instalar 2.100 quilômetros este ano, aumentando a rede para 150 mil quilômetros.
Economia de tempo e dinheiro
O primeiro trem do trajeto que liga a China e o Reino Unido partiu de Yiwu no dia 2 de janeiro, inaugurando uma nova etapa nas relações comerciais os países. Composto de blocos com 200 contêineres, ele carrega roupas, bolsas e utensílios domésticos.
As vantagens econômicas da rota compensam o investimento milionário ao permitir que produtos fabricados na China cheguem à Europa em menos da metade do tempo de transporte marítimo e custando muito menos do que o transporte aéreo. Por isso, são ideais para abastecer o mercado de produtos de alto valor, como eletrônicos, roupas e acessórios de marca, peças automotivas, máquinas pesadas, produtos agrícolas de alta qualidade e até carnes frescas.
Muito além de uma rota
Mas, o leitor pode estar se perguntando, por que o trem sai de Yiwu? Com 1,2 milhão de habitantes, a cidade é conhecida por abrigar fábricas de onde sai grande parte das decorações de Natal exportadas pela China para o mundo. Logo, o impacto da nova rota comercial é um vínculo físico e conceitual, unindo a China e o Reino Unido através da Ásia Central, da Rússia e da Europa continental.
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A saída do Reino Unido da União Europeia é como se fosse um convite para a China envolver-se economicamente e politicamente com o país (algo que os britânicos precisam ainda mais do que seus colegas asiáticos). Aliás, outros grandes projetos liderados por chineses já estão em andamento no Reino Unido, como a usina nuclear de Hinkley Point e o Spire London, que será o edifício residencial mais alto da Europa.
Rota da Seda
Vale salientar que, desde quando começou a ser utilizada, a Rota da Seda não era uma rota única. Constituída por uma rede de caminhos que mudavam conforme as condições locais, muitas vezes influenciadas por fenômenos climáticos, ela era o trajeto de caravanas de animais domesticados, que muitas vezes precisavam de alternativas para barreiras da natureza, como montanhas e desertos, além de ter que lidar com guerras e assaltos.
Ao recriar essa rota, a China assume uma das maiores obras de desenvolvimento infra-estrutural, econômico e político do mundo, abrangendo 60 países, 60% da população, 75% dos recursos energéticos e 60% do PIB no mundo.
Portanto, não se trata apenas de um "negócio da China", mas uma estratégia que também poderá beneficiar nações pós-soviéticas da Ásia Central e do Cáucaso, confirmando a importância político-econômica do país asiático.
Fontes: O Globo, Forbes e Mundo por Terra
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