As mudanças climáticas atingiram níveis impressionantes; temos uma realidade hoje que só era aguardada em 2050. Os fenômenos naturais estão causando uma devastação em áreas urbanas e rurais, a exemplo das enchentes e queimadas. Em 2023, o município de São Sebastião, localizado no litoral norte de São Paulo, sofreu com seguidos deslizamentos de terra após chuvas torrenciais, deixando um rastro de destruição e perda de vidas.
A saber, na ocasião, choveu 683 mm de chuva em menos de 15 horas - um volume recorde para uma região que tem como média mensal 300 mm. Antes disso, em 2018, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) já havia identificado cerca de 2.200 imóveis em áreas de risco. Porém, a crescente ocupação irregular do solo e as condições extremas do clima só aumentaram ainda mais a vulnerabilidade da população nos anos seguintes. Tudo isso foi tema de estudo da USP. Continue lendo este artigo do Engenharia 360 para saber mais!
Uma nova abordagem científica para os deslizamentos
Sociedades resilientes devem se preparar para os desafios crescentes relacionados às mudanças climáticas. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de São Paulo se dedicaram a desenvolver métodos científicos inovadores que possam facilitar a prevenção de deslizamentos, especialmente em regiões montanhosas. Eles optaram pelo uso da tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging) para a captura de imagens aéreas com alta resolução e precisão.
A saber, a proposta dos especialistas da USP é utilizar lasers pulsados para medir distâncias e criar modelos digitais detalhados dos terrenos, identificando possíveis características que possam levar a deslizamentos, evitando acidentes como o ocorrido em São Sebastião.
Os pesquisadores esperam implementar a nova metodologia até o final de 2025, começando por identificar áreas suscetíveis a deslizamentos em São Paulo, ajudando na prevenção de desastres e contribuindo com informações para enriquecer projetos de planejamento urbano e de políticas públicas.
Entendendo como funciona a tecnologia LiDAR
Vale explicar neste texto como funciona a tecnologia LiDAR que deve ser utilizada pelos pesquisadores da USP no novo método para prever deslizamentos. A mesma funciona emitindo pulsos de laser, que são refletidos pelos objetos na superfície terrestre. Isso permite a criação de modelos digitais - resolução espacial de até 1 metro -, dando bases para uma análise mais precisa de áreas vulneráveis, além de facilitar o acompanhamento das mudanças na superfície ao longo do tempo.
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O tempo que leva para o laser retornar ao sensor é medido e usado para calcular a distância até o objeto. Isso resulta em dados tridimensionais que podem ser utilizados para mapear a topografia do terreno com uma resolução muito maior do que os métodos tradicionais.
Estratégias integradas para enfrentar os desafios dos deslizamentos
Diante das mudanças climáticas, é certo que a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos só devem crescer. Só para se ter uma ideia, o Relatório Síntese 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontou que a temperatura global já aumentou 1,1°C desde o período pré-industrial; e as perspectivas futuras são alarmantes. Como se não bastasse, ainda precisamos enfrentar desafios sociais significativos.
Não adianta ter uma tecnologia que alerte sobre áreas propensas a deslizamentos de terra, pois, pelo desespero das pessoas e falta de alternativas habitacionais, o urbanismo irregular deve continuar. Os gestores públicos precisam investir em medidas preventivas para situações de risco, desenvolvimento de estratégias de mitigação de desastres naturais, reflorestamento de áreas afetadas, educação das comunidades sobre riscos, contenção de encostas e construção de casas populações em zonas seguras.
Quanto ao trabalho da USP, assim que concluído, ele deve ajudar o governo de São Paulo na atualização dos mapas de risco, essenciais para a tomada de decisões embasadas para proteção das comunidades vulneráveis. Por fim, inspirar parcerias entre universidades, governos locais, organizações não governamentais para o desenvolvimento de mais soluções inovadoras.
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Fontes: Agência Fabesp, AUN - USP.
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Eduardo Mikail
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