Um experimento realizado no departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Stanford investigou o impacto de uma pia autônoma adaptável no consumo de água. Curiosamente, essa “torneira inteligente” ainda é apenas um conceito. Neste artigo do Engenharia 360, contamos como foi essa pesquisa. Confira!

O conceito da Pia Inteligente
A suposta “smart-torneira” permanece só um conceito, só que os testers não sabiam disso. William Jou e seus colegas do laboratório de engenharia mecânica fizeram outra coisa: uma torneira que parecia se ajustar automaticamente às preferências do usuário, mas, na verdade, era controlada por Jou. Basicamente, um placebo mecânico.
Os resultados do experimento, detalhados em um artigo científico apresentado em congresso, apoiam a ideia de que sumidouros inteligentes cuidadosamente projetados poderiam ajudar a conservar a água, regulando o uso da água e incentivando que os usuários desenvolvam hábitos mais eco-friendly.

Como foi realizado o experimento
Os participantes desse experimento tiveram que lavar a louça três vezes, com Jou secretamente controlando a temperatura e o fluxo da pia apenas durante a segunda lavagem. Para criar uma situação “confiável” de uma pia inteligente que toma decisões sobre a água, Jou monitorou de perto os estilos de lavagem dos participantes durante a primeira rodada de limpeza, para ele poder imitá-los na segunda rodada.

Com Jou envolvido como observador oculto, os participantes usaram cerca de 26% menos água em comparação com a primeira lavagem. Na terceira rodada, eles ainda usavam 10% menos água em comparação com a primeira rodada, apesar de a pia voltar a ficar “sem cérebro”. Essa mudança no uso da água ocorreu sem que os participantes soubessem que o experimento era sobre conservação da água. A seguir, o vídeo divulgado pela Stanford University:
Resultados do experimento e percepções dos participantes
Em pesquisas após o experimento, 96% dos participantes que interagiram com a pia inteligente (havia um grupo de controle que lavou a louça três vezes sem Jou) disseram pensarem haver potencial para que torneiras inteligentes economizassem água. Muitos deles até manifestaram interesse em comprar esse produto.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Embora os resultados e a reação à lavagem com a assistência de Jou tenham sido impressionantes, os pesquisadores ficaram particularmente animados pela forma como uma breve interação com a função “autônoma” mudou o uso de água dos participantes.

O futuro das pias inteligentes
Os pesquisadores imaginam um futuro em que as pias dos hospitais incentivam os funcionários a lavar as mãos adequadamente e nossas preferências pessoais de pia e chuveiro podem ser transferidas para hotéis e casas de amigos. Escolas e bairros poderiam organizar competições para economizar água e aumentar a conscientização sobre a conservação da água. Por meio de recursos adicionais, a pia pode até detectar vazamentos.
É importante destacar que esse estudo sobre o comportamento do usuário em relação à pia inteligente exigiu anos de pesquisa e não utilizou algoritmos. Para a produção em massa de uma torneira realmente autônoma, sensores sofisticados serão necessários para diferenciar os usuários. Mesmo assim, os pesquisadores estão otimistas de que estudos como esse podem servir como base para inovações que sejam amigas do meio ambiente e que atendam às necessidades dos usuários.

Enfim, o desenvolvimento de pias inteligentes que ajudam a economizar água representa uma oportunidade valiosa para promover a sustentabilidade. Ao combinar tecnologia e conscientização, podemos dar passos significativos em direção a um uso mais responsável dos recursos hídricos.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Fonte: Techxplore; IDETC-CIE.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários
Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.
