Engenharia 360

Perspectivas para a construção civil no Brasil em 2020

Engenharia 360
por Matheus Martins
| 19/01/2020 4 min

Perspectivas para a construção civil no Brasil em 2020

por Matheus Martins | 19/01/2020
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O horizonte da indústria da construção

A indústria da construção passou por momentos delicados e sensíveis em 2019. Com a transição de governo, também veio o realinhamento das estratégias nos programas de incentivo à construção. Por exemplo, temos o programa Minha Casa Minha Vida para obras de habitação e o programa Saneamento Para Todos, que financiam grande parte das obras no Brasil.

A insegurança jurídica também afetou a confiabilidade dos investidores e incorporadores. A consequência disso foi que novas obras acabaram sendo adiadas ou canceladas. Isto ocorre pois os investidores não têm garantias da rentabilidade e lucratividade e o risco se torna maior, inviabilizando os negócios.

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Imagem homens trabalhando na construção civil
Imagem: farhanalic.com

Embora 2019 tenha sido um ano desfavorável e cheio de incertezas inicialmente, não houve grandes impactos negativos na indústria. Portanto, ao longo do segundo semestre, os sinais de retomada surgiram. Com este cenário de melhora iminente, se estabeleceu então a tranquilidade mercadológica para o ano seguinte.

As perspectivas para 2020 na indústria da construção são muito boas. Os resultados do último trimestre ratificam e estabelecem uma confiança que paira o mercado para o início da nova década.

Sinais de retomada

A revista Exame apresentou em dezembro de 2019 dados sobre o desempenho de incorporadoras brasileiras de capital aberto na bolsa. Os dados divulgados demonstraram que as empresas atingiram seu maior valor de mercado (R$ 42,4 bi) desde 2014. Além disso, os lucros obtidos foram os melhores desde 2015, e o endividamento presente é o menor desde 2014.

Gráfico demonstrativo da evolução do valor de mercado de empresas de construção com capital aberto na bolsa de valores.
Demonstrativo da evolução do valor de mercado de empresas de construção com capital aberto na bolsa de valores. Fonte: Exame/Economatica.

Apesar de a pesquisa ser reflexo de 11 grandes incorporadoras, os índices ratificam o aumento da confiança no setor. O fato do valor de mercado ser majorado representa a tendência de melhora de desempenho. São os sinais do aquecimento do mercado, especialmente imobiliário.

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Outro apontamento foi feito em 2019 pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), através do relatório Sondagem na Indústria da Construção. A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) foi parceira na pesquisa. O relatório foi embasado em pesquisa com 483 empresas de pequeno, médio e de grande porte para que pudesse caracterizar melhor a realidade de mercado. Os dados apresentaram indicadores de produção, tendências futuras e da confiança dos empresários.

Tabela desempenho das empresas de construção com base no uso da capacidade operacional, no nível de atividade e no número de empregados.
Desempenho das empresas de construção com base no uso da capacidade operacional, no nível de atividade e no número de empregados. Fonte: CNI/CBIC.

Primeiramente, o índice de atividade e emprego atingiu o maior patamar desde 2012, época em que o setor ainda estava aquecido. O índice da Utilização da Capacidade Operacional (UCO) atingiu 62%, representando diminuição da ociosidade comparativamente aos períodos anteriores do ano.

Por fim, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção). Este ficou acima da média histórica, demonstrando claramente que o momento é de aquecimento iminente, desde o final de 2019.

Gráfico representativo do índice de confiança do empresário da construção.
Gráfico representativo do índice histórico de confiança do empresário da construção. Fonte: CNI/CBIC.

Além destes sinais citados anteriormente, no final de 2019, análises indicaram o crescimento do PIB no 3º trimestre de 1,2%, sendo, nesta base de comparação, a indústria da construção civil o setor de maior representatividade (4,4%).

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Já em 2020, o presidente da CBIC, José Carlos Martins, indicou que o setor deve crescer 3% este ano, gerando a criação de 150 a 200 mil empregos até dezembro.

As perspectivas para 2020

Os sinais de retomada citados anteriormente tiveram fontes distintas, todavia, corroboram entre si para a melhoria do mercado.

Com o estabelecimento das estratégias do governo para as obras, o mercado entende a política atual e os investidores ganham confiança para iniciarem novos negócios. Portanto, novos empreendimentos devem sair do papel e aquecer o mercado da construção.

Desde os últimos 60 dias houveram concessões e leilões de portos e rodovias, na modalidade de PPP (Parceria Público Privada). Como é o exemplo da ponte entre Salvador e Itaparica, na Bahia, que foi vencida em leilão por um consórcio chinês. Esta modalidade de parcerias beneficia o setor, pois existem muitas demandas na infraestrutura que não tem condições de serem atendidas exclusivamente pelo poder público.

Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) já confirmou investimento de 69,5 bilhões de reais para habitação e de saneamento.

imagem investimento de 69,5 bilhões de reais para financiamento em habitação e saneamento
Divulgação do Ministério do Desenvolvimento Regional do investimento programado para 2020. Fonte: MDR.

Este cenário representa uma perspectiva de grande crescimento para a construção civil brasileira. Há a demanda pública por parcerias em obras de infraestrutura. O aporte para obras de habitação e saneamento fora confirmado pelo governo. A década tem tudo para ser implacável para a indústria da construção, pois a economia favorece este momento e as demandas são grandes. O ano de 2020 é promissor e já demonstra isto desde o início.

Fonte: CNI, Exame, MDR, CBIC¹, CBIC²

Leia também: Confira quais serão as Engenharias em alta no mercado de trabalho em 2020

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Matheus Alves Martins

Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.

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