Com o preço da gasolina nas alturas e sem opções de substitutos, brasileiros estão se arriscando com gás de cozinha como combustível para seus automóveis.
Pela oitava semana seguida, o preço médio da gasolina subiu nos postos de todo o Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com valores acima de R$6,00 o litro, os brasileiros passaram a buscar alternativas para abastecer seus automóveis. O problema é que o etanol e o óleo diesel na casa dos R$ 4,70 por litro deixam de ser atraentes aos consumidores!
Muitos decidiram partir, então, para uma quarta opção não muito convencional: a conversão clandestina de veículo para GLP (gás liquefeito de petróleo), mais conhecido como gás de cozinha ou gás de botijão.
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Essa mudança é ilegal, perigosa e não entrega a economia que promete, mesmo algumas plataformas de vendas online apresentam opções para o motorista. Um kit para conversão de automóveis para GLP é vendido por valores que variam de R$500 a R$1mil e garantia de economia de até 50% na estrada.
Além de ser ilegal, essa prática é enganosa! Para o professor Fabio Gallo Garcia, da FGV e da PUC-SP, tal mudança “não compensa, nem do ponto de vista econômico, nem no da segurança de motoristas e passageiros”.
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Promessa de economia
A pedido da BBC News Brasil, o especialista em finanças estimou o custo por quilômetro rodado dos diversos tipos de combustíveis. Ele considerou os seguintes preços médios:
- R$ 6,076 por litro de gasolina;
- R$ 4,704 por litro de etano;
- R$ 4,146 por metro cúbico para o GNV; e
- R$ 16,12 por metro cúbico para o GLP (equivalente a R$ 98,33 por botijão de 13kg.
Pelas contas do professor, considerando apenas o preço dos combustíveis, o GNV – que é usado legalmente nos veículos – haveria uma economia por quilometro rodado de 51% em relação à gasolina e de 56% em relação ao etanol. Já no GLP – de uso clandestino -, a economia é de apenas 4,4% em relação à gasolina e 13,5% na comparação com o etanol. Ou seja, o gás de cozinha está longe de entregar a economia prometida nos sites de vendas.
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Segurança
O GLP é uma mistura de dois gases, propano e butano, na proporção de mais ou menos 50/50. Obtido através do refino do petróleo, o gás de cozinha apresenta muitas moléculas de carbono e, quando pressurizado, se transforma em líquido. Isso não acontece com o GNV (gás natural) que apresenta apenas uma molécula de carbono – por isso é sempre comercializado encanado.
“Como o GNV é mais leve do que o ar, em caso de vazamento, ele se dissipa com facilidade. Já o GLP é mais pesado do que o ar, então, quando vaza, ele fica no fundo da mala do carro.”, diz Galiazzi, lembrando ainda que a temperatura de autoignição do GNV é bastante superior à do GLP, o que também torna o gás natural mais seguro do que o de botijão para uso automotivo.

Projeto de Lei na Câmara
Um Projeto de Lei na Câmara tenta tornar o uso de GLP em automóveis algo legal. O deputado federal Felício Laterça, ex-delegado da polícia, justifica que a lei que define o ‘uso do GLP em motores como crime contra a ordem econômica’ “foi elaborada em um contexto que reclamava medidas de contenção do consumo de derivados do petróleo”.
Diante do que foi dito antes, qual a sua opinião sobre o assunto? Escreva nos comentários!
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Rafael Panteri
Estudante de Engenharia Elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia. Parte da graduação em Shibaura Institute of Technology - Japão.