Atualmente, o ensino de Engenharia no Brasil é marcado por uma elevada evasão de alunos, o que é um problema para as instituições que oferecem os cursos. Nós falamos um pouco sobre o assunto e também sobre como as faculdades devem preparar seus alunos para encarar o mercado de trabalho. Além disso, nós conversamos com o professor do Insper Vinícius Licks, que conta sobre os desafios e as tendências do ensino e do mercado de Engenharia no Brasil.
A situação atual do ensino de Engenharia no Brasil
Em 2016, segundo dados do Censo da Educação Superior, 100.421 pessoas se graduaram em Engenharia no Brasil. Desses, 71,58% foram de universidades privadas e 28,42 de universidades públicas. Destrinchando ainda mais os dados, dentre o total de formandos, foram 35.360 da Engenharia Civil, 17.344 de Produção, 11.434 da Mecânica e 9.728 da Elétrica.
Um problema sério é também relacionado à evasão de alunos dos cursos de Engenharia. Os dados mostram claramente o quanto essa porcentagem é alta: os graduados são apenas 54,28% dos que ingressaram (dados de 2016). Ainda, a cada mil candidatos para vestibular de Engenharia, apenas 175 se matriculam e, dentre eles, só 95 se formam.
Por que uma evasão tão grande? Será que Engenharia é assim tão difícil? Um estudo de caso denominado “Por que os alunos de Engenharia desistem de seus cursos”, de 2018, afirma que o aluno, ao ingressar no curso, se depara com um cenário com o qual não estava acostumado: a carga horária é elevada e é necessário criar o hábito de estudar fora da sala de aula. Há, ainda, os que saem da casa dos pais e precisam gerir a vida e estudar.
A mesma pesquisa mostrou que, na UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná), 61% dos alunos de Engenharia desistiram do curso em 2013 e 2014 devido a motivos acadêmicos. Os autores sugerem buscar estratégias para auxiliar os alunos na escolha do curso e para reduzir a evasão.
O curso em si, já é difícil, principalmente dependo da base de matemática e ciências que cada aluno teve no ensino médio. Para completar, muitos trabalham e deixam o tempo mais restrito para o estudo.
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O papel das universidades
Com o avanço da tecnologia, o ensino de Engenharia precisa cada vez mais se adequar às exigências do mercado e da vida profissional como um todo. O ensino tradicional já não é tão bem visto e pode contribuir para o grande número de evasão citado acima.
No caso da preparação dos alunos para o mercado de trabalho, o cenário atual mostra que, infelizmente, é muito difícil se preparar para ele somente com a faculdade, por melhor que ela seja. O próprio mercado se preocupa com os profissionais que são formados e buscam aqueles que já têm experiência, o que não é o caso de muitos recém-formados.
Um(a) engenheiro(a) adquire experiência quando realmente coloca em prática o que aprendeu, quando tem a oportunidade de atuar na área, conhecer o trabalho dos colegas e absorver o ato de “colocar a mão na massa de verdade”.
Nesse sentido, o que as universidades fazem é dar uma base para que os alunos aprendam na prática no mercado. Para conseguir que o aluno tenha esse contato e, ainda, fique interessado pelo curso, é interessante instigar o contato com a vida profissional, com proposta de projetos interdisciplinares o mais próximo possível da realidade e inserir problemas reais para estudo durante as disciplinas, por exemplo.
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Em uma conversa superinteressante, Vinícius Licks conta para gente sobre qual a relação das tendências de Engenharia e o mercado, por quais motivos a evasão de alunos dos cursos de Engenharia é tão grande, como o(a) engenheiro(a) aprende a desempenhar seu papel no mercado na prática, qual o papel da faculdade nesse processo e dá algumas dicas para os estudantes se prepararem. Confira no vídeo abaixo!
Confira também a entrevista em versão podcast:
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Eduardo Mikail
Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.