O aumento do calor extremo nas cidades tem sido um dos efeitos mais alarmantes das mudanças climáticas. Recentemente, julho de 2024 foi registrado como o mês mais quente nos últimos 175 anos, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). Para mitigar esses extremos de calor e proporcionar maior conforto aos moradores, urbanistas e arquitetos têm estudado maneiras de redesenhar as cidades.
Neste artigo do Engenharia 360, vamos apresentar cinco soluções urbanas e arquitetônicas que podem ajudar a reduzir as temperaturas extremas nas áreas urbanas. Confira!
1. Maior espaçamento entre edifícios
O espaçamento entre edifícios pode ter um papel crucial no conforto térmico das cidades. Em áreas onde as construções estão muito próximas, o calor gerado e absorvido durante o dia tem dificuldade de dissipar, criando ilhas de calor intensas. Em São Paulo, por exemplo, bairros como Santa Cecília, onde há alta densidade de construções, registram temperaturas mais altas.
O ideal seria que o planejamento urbano revisasse as leis de zoneamento, incentivando um maior distanciamento entre as construções para permitir que o calor escape durante a noite e evitar a formação de bolsões de calor. Essa estratégia poderia reduzir a necessidade de sistemas de climatização artificial, diminuindo o consumo de energia.
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2. Aumento da cobertura vegetal
A vegetação é uma das soluções mais eficientes para amenizar o calor extremo nas cidades. Parques, praças arborizadas e corredores verdes reduzem significativamente as temperaturas ao redor, proporcionando sombra e ajudando a absorver a radiação solar.
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As chamadas “paredes verdes” e jardins verticais, embora contribuam esteticamente e em termos de conforto térmico, podem demandar sistemas de irrigação que, em regiões com crise hídrica, exigem soluções sustentáveis, como o reuso de água. Além disso, promover áreas com vegetação ao nível do solo pode ser uma alternativa ainda mais sustentável e eficaz.
3. Redução do uso de automóveis
A presença excessiva de automóveis contribui para o calor extremo, ou seja, para o aumento das temperaturas nas cidades, tanto pela liberação de calor dos motores quanto pela infraestrutura necessária para acomodá-los, como grandes áreas asfaltadas.
Diminuir o número de carros, além de liberar espaço para mais áreas verdes, também incentiva um estilo de vida mais saudável, com mais ciclovias e áreas para pedestres. Para isso, é fundamental investir em um transporte público de qualidade, integrado e acessível, além de incentivar um planejamento urbano que permita que as pessoas vivam próximas de seus locais de trabalho e de lazer. Então, a necessidade de longos deslocamentos diminui, aliviando o trânsito e ajudando na redução de emissões de carbono.
4. Sombreamento de fachadas e uso de materiais refletivos
Controlar a incidência de luz solar direta nas fachadas dos edifícios pode ajudar a reduzir a necessidade de sistemas de resfriamento, como o ar-condicionado, que consomem muita energia. O uso de elementos arquitetônicos como o brise-soleil, uma espécie de quebra-sol popular na arquitetura moderna brasileira, é uma solução simples e eficiente.
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Esses elementos criam sombra e minimizam a exposição direta ao sol, ajudando a manter o interior dos edifícios mais fresco. A tecnologia de vidros e outros materiais que refletem o calor tem evoluído, mas ainda não está amplamente acessível. Ainda assim, incorporar essas estratégias nas fachadas urbanas ajuda a reduzir a absorção de calor e a necessidade de climatização artificial.
5. Incentivo ao retrofit e reutilização de edificações
A construção civil é uma das maiores fontes de emissões de carbono, seja pelo consumo de materiais e energia durante a construção ou pelo descarte de resíduos, contribuindo para o calor extremo nas cidades. Em vez de demolir edificações para construir novas, o conceito de retrofit propõe a modernização e reutilização de edifícios existentes. Além de reduzir os impactos ambientais, essa prática mantém a infraestrutura já instalada e diminui o uso de materiais, contribuindo para um urbanismo mais sustentável.
A saber, em São Paulo, uma cidade com um grande número de imóveis desocupados, a prática de retrofit é uma oportunidade para redesenhar o espaço urbano sem recorrer a novas construções, possibilitando a criação de espaços mais eficientes e adaptados às condições climáticas atuais.
Rumo a cidades mais frescas e sustentáveis
Com as mudanças climáticas acelerando, as ondas de calor extremo nas cidades se tornaram uma realidade cada vez mais presente. Para enfrentar esses desafios, é essencial que arquitetos, urbanistas e governos reavaliem as estratégias de planejamento urbano e integrem soluções climáticas ao desenvolvimento das cidades.
As cinco soluções discutidas aqui - maior espaçamento entre edifícios, ampliação da cobertura vegetal, incentivo ao uso de transporte alternativo, sombreamento de fachadas e adoção do retrofit - são passos importantes para transformar os centros urbanos em locais mais confortáveis e preparados para o futuro. Essa transformação não só melhora o conforto térmico para os cidadãos, mas também contribui para um ambiente mais sustentável e resiliente.
Fontes: Um Só Planeta.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.