É bem provável que você já tenha visto algo sobre um acelerador de partículas. O LHC (Large Hardon Collider), que fica na Suíça, por exemplo, é o mais famoso do mundo, e até faz parte da trama de Anjos e Demônios (um livro de Dan Brown que virou filme). Esses equipamentos que parecem um tanto misteriosos estão agora mais perto da nossa realidade, visto que o Brasil acabou de inaugurar a primeira fase do acelerador de partículas Sirius, um dos mais avançados do mundo e promete impulsionar a ciência no país.
O que é um acelerador de partículas?
Aceleradores de partículas são equipamentos que impulsionam feixes de partículas que podem ser usados em vários propósitos na pesquisa. Em um acelerador de partículas circular, as partículas são repetidamente impelidas pelo tubo que, como o nome diz, é circular. O vácuo permite que a partícula viaje sem obstruções.
O LHC é um grande colisor, ou seja, ele colide partículas em uma velocidade bem próxima à da luz e gera novas partículas. Foi por meio dele que foi feita a descoberta do Bóson de Higgs, em 2012.
Acelerador de partículas Sirius
O que é?
O Sirius é um acelerador de partículas de luz síncrotron, um tipo de radiação eletromagnética de alto fluxo e alto brilho e engloba a luz visível, a infravermelha, a radiação ultravioleta e até raios-X. Ela é produzida quando há um desvio, por meio de campos magnéticos, na trajetória das partículas carregadas e aceleradas à velocidade da luz.
Como funciona?
Uma fonte de luz síncrotron é composta por duas partes principais de aceleradores de partículas: o sistema injetor (inclui um acelerador linear e um síncrotron injetor) e o anel e armazenamento. Tudo começa com a liberação de elétrons. Esses elétrons são conduzidos aos anéis de aceleração e lançados na estrutura circular, onde alcançam velocidade próxima à da luz. O responsável pela produção do feixe de elétrons e sua aceleração até a energia de operação do anel de armazenamento é o sistema injetor. Por último, esses elétrons vão para a estrutura circular principal, no anel de armazenamento (maior perímetro do túnel).
Vale lembrar que o Sirius não é o primeiro acelerador de partículas brasileiro. Antes disso, quem auxiliou nas pesquisas brasileiras foi o UVX, um acelerador agora um pouco ultrapassado. Porém, ultrapassado ou não, ele auxiliou até nas pesquisas sobre vírus Zika, por exemplo. A grande vantagem do Sirius é que ele permitirá realizar pesquisas muito mais rapidamente.
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Localização e operação
O Sirius fica em Campinas (São Paulo), em um espaço de 68.000 metros quadrados. A circunferência principal do acelerador mede 518 metros. O responsável pelo projeto é o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais. Há um acelerador de partículas como ele na Suécia, chamado MAX IV.
Estima-se que o custo total do Sirius seja de 1,8 bilhão de reais. Até o momento, aproximadamente R$1,3 bilhão já foi investido. O esperado é que ele esteja totalmente em operação em 2021 (considerando que já houve atrasos). Ainda, espera-se que o Sirius seja realmente usado para avanços na ciência (e que não fique obsoleto por falta de verbas para manutenção ou por motivos burocráticos).
Referências: LNLS, Energy.gov, G1, Galileu, Canaltech.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.