Crossfit, corrida, zumba, ciclismo, spinning, funcional, musculação… É bem provável que nunca houve tanta opção para quem quer ser “fitness”. Porém, ao mesmo tempo, nunca houve tanta tecnologia voltada para quem quer praticar qualquer tipo de atividade física. As novidades variam de aplicativos e gadgets até roupas com ultratecnologia e calçados de alta performance.
+ Um resumo da história dos calçados
Estilo, conforto, durabilidade e funcionalidade. Tudo isso precisa ser levado em conta na hora de criar um calçado. Se pensarmos na história da criação desses acessórios, somos redirecionados à necessidade básica de proteção dos pés (seja do frio ou das pedras no caminho). Temos, então, o couro como um dos primeiros materiais usados na produção de calçados.
Pulando muitos anos de dominância do couro e de diferentes modelos de calçado, paramos em 1839. Nesse ano, o processo de vulcanização da borracha - que confere ao material algumas propriedades e que permite sua utilização na indústria - foi proposto por Charles Goodyear e permitiu que o primeiro sapato esportivo fosse desenvolvido em 1900.
A borracha foi essencial para amortecer a pisada, mas não era durável o suficiente para conquistar um grande espaço no mercado. Então, o uso do couro continuou prevalecendo. Só em 1925 que os irmãos Dassler fundaram uma empresa de fabricação de tênis esportivos e mudaram um pouco o padrão. Até mesmo Jesse Owens usou um calçado Dassler em algumas corridas. Uma curiosidade é que, quando os irmãos separaram a sociedade, cada um fundou sua própria empresa (que hoje são a Adidas e a Puma).
Enquanto isso, outras grandes fabricantes de calçados esportivos também foram surgindo. O nylon, desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, contribuiu para tornar os calçados mais leves. Em 1960 já existiam os primeiros tênis ortopédicos. O objetivo era, com a popularização da corrida, desenvolver produtos que diminuíssem as lesões dos esportistas.
Em 1990, vários calçados voltados para a prática de esportes foram vendidos, mas não necessariamente para esportistas. A verdade é que esses sapatos ofereciam o conforto que a população buscava para atividades do cotidiano, como caminhar até o trabalho. A prática permanece até hoje, afinal, seja para praticar esportes ou ir para a aula, conforto é fundamental.
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+ A tecnologia e a Engenharia de um calçado de alta performance
Atualmente, a tecnologia investida nos calçados é cada vez maior, com o objetivo de proporcionar uma experiência e também um desempenho melhor para o usuário. Por exemplo, há tênis que rastreiam a distância percorrida, que possuem sensores de temperatura, calorias queimadas e até mesmo materiais que neutralizam o odor (também conhecido como chulé). Há, inclusive, calçados que mudam de cor para você combinar com a roupa que está usando (e não é o verde/rosa do tênis que cada um vê uma cor diferente que está bombando na internet). Ele conta até com um aplicativo para ajudar.
A mudança, dos últimos anos para cá, é que você não vai até uma loja de calçados comprar algo simplesmente bonito, confortável ou que protege os pés. O que o vendedor vai te oferecer é mais que um produto, é uma experiência, algo que vai te proporcionar uma série de benefícios, mesmo que você só tenha ido buscar um tênis qualquer para usar no inverno e manter os pés aquecidos.
No caso dos calçados de alta performance, que são o foco deste texto, há mais Engenharia envolvida do que imaginamos quando vamos comprar, calçar um tênis para qualquer prática esportiva ou até mesmo para usar no cotidiano.
Pressão, atrito, força de impacto, peso e outros termos bonitos que nós já estamos familiarizados são considerados no processo de criação. Os princípios biomecânicos, robótica, desenho 3D, as forças que atuam no processo e vários outros princípios da mecânica e conceitos da Engenharia são levados em conta. Por exemplo, é medida a força de reação sob o pé durante uma corrida (que pode chegar a até duas a três vezes o peso do corpo). Claro que também é preciso considerar os materiais que serão usados (termoplásticos, sistemas de poliuretano, elastômeros termoplásticos, etc.).
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Para desenvolver um produto, os designers de calçado consideram a anatomia e o movimento do pé. Para isso, usam câmeras de vídeo e computadores, simulando o efeito de diferentes superfícies no impacto e a posição do pé no momento. Cada detalhe da análise do movimento é minimamente avaliado com alta tecnologia. É por isso que você consegue encontrar tênis para diferentes locais, como correr na rua, fazer trilha, etc.
Ainda, é preciso ressaltar que, para planejar, os designers e engenheiros precisam considerar um humano padrão. É aí que reside um grande problema, visto que nós, humanos, somos bem diferentes. As diferenças anatômicas são gritantes entre homens e mulheres, mas também variam dentro desses dois grupos maiores. Há mais baixos e mais altos, há diferença entre pés, entre pernas, quadris, etc.
Mesmo que um calçado possa ser produzido para uma ampla faixa de pessoas, uma leve diferença pode resultar em uma lesão. É por isso que é preciso saber escolher o calçado certo tanto para a sua anatomia quanto para a finalidade (corrida, ciclismo, etc.). Comprar um calçado de alta performance que não é ideal para você é fazer um investimento perdido.
+ A produção de um calçado de alta performance
Basicamente, o processo de produção em larga escala da maior parte dos calçados é feita por meio de moldes. As três partes principais são sola, entressola e parte superior. Cada uma delas é composta de um material com diferentes propriedades.
Porém, produzir um calçado de alta performance é uma história um pouco diferente. A New Balance, por exemplo, possui um centro laboratorial nos Estados Unidos chamado Sport Research Lab, o qual é voltado para criação de inovações. Lá é onde vários pesquisadores realizam estudos de biomecânica, testes com atletas e mais.
Para desenvolver um calçado running, a New Balance usa um software avançado de mapeamento. Uma das máquinas responsável pelo scanner do pé é chamada Arkimedes.
Ainda, algumas lojas da New Balance no Canadá oferecem o Stride I.D., um scanner dos pés que permite encontrar o calçado ideal para você. Para isso, é utilizado um sistema baseado em aprendizado de máquinas e visão computacional. Confira como ele funciona no vídeo abaixo:
Referências: USC; Forbes; Madehow; Geek.
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Eduardo Mikail
Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.